quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CLASSIFICAÇÃO das DISLEXIAS CENTRAIS e PERIFÉRICAS

CLASSIFICAÇÃO DAS DISLEXIAS CENTRAIS E PERIFÉRICAS

Dislexia
Características Clínicas
Características neuroatômicas





Dislexia
Fonológica
Incapacidade de decodificação fonológica
Danos na via de conversão grafema-fonema.
Dificuldades em tarefas de memória fonológica.
Desempenho muito ruim na leitura de estímulos não-familiares e pseudopalavras (palavras não-¬reais).


Sabe-se muito pouco sobre as áreas neuroanatômicas essenciais para o funcionamento adequado do processamento perilexical, não havendo evidências de disfunções neuroanatômicas específicas.




Dislexia Superficial

Comprometimento da via lexical. Os estímulos são lidos através do processo fonológico (“ex.: tóxico é lido tóchico”), havendo uma incapacidade no tratamento ortográfico da informação.

Evidências de disfunção na região temporal média e póstero-superior do hemisfério esquerdo.






Dislexia Profunda


Bloqueio na via não-Iexical.
Ausência de leitura de não-palavras.
Maior facilidade para leitura de palavras concretas e freqüentes.
Alguns autores relatam à ocorrência de lesões múltiplas no hemisfério esquerdo, e outros sugerem que existam habilidades de leitura residuais no hemisfério direito devido à extensa lesão em hemisfério dominante.



Dislexia
de Atenção
Preservação da leitura de palavras isoladas. Dificuldades na leitura de vários itens quando apresentados simultaneamente.

Lesões no lobo parietal esquerdo.


Dislexia de Negligência


Dificuldades na leitura no campo visual do lado contra lateral ao da lesão cerebral.

Lesão na região da artéria cerebral media do hemisfério direito envolvendo lobos frontal, temporal e parietal.


Dislexia
Literal
(pura)

Leitura letra por letra preservada

Lesões occipitais inferiores extensas à esquerda

Na primeira, ocorre o comprometimento do processamento lingüístico dos estímulos, ou seja, alterações no processo de conversão da ortografia para fonologia. Na segunda, ocorre o comprometimento do sistema de análise vísuo-¬perceptiva para leitura, havendo prejuízos na compreensão do material lido.
Entre as dislexias centrais, ressaltam-se a fonológica, a de superfície e a profunda; já as dislexias periféricas incluem a dislexia atencional, a por negligência e a literal (pura).
Em relação às dislexias de desenvolvimento, as mais comuns são a dislexia fonológica e a de superfície, já mencionadas anteriormente, e a dislexia semântica. Esta se caracteriza pela preservação da leitura em voz alta, sem erros de decodificação (fonema-grafema), porém com pobreza na compreensão da escrita.
Várias pesquisas vêm fornecendo evidencias de déficits fonológicos em dislexias de desenvolvimento. No entanto, recentes estudos demonstraram a existência de múltiplos déficits de processamento temporal nas dislexias. De fato, disléxicos mostram anormalidades visuais e auditivas que podem resultar de problemas generalizados na percepção e na seleção de estímulos.
A dislexia, atualmente é compreendida como uma síndrome que não se apresenta de modo único, definido, em todos os sujeitos que são portadores desse transtorno. Entende-se que existem graus de dislexia, assim como, estabelecem-se classificações, entre elas à referida por Coll (1995) relativas às pesquisas de Boder e presentes em vários estudos:
• Dislexia disfonética: Relaciona-se aos aspectos auditivos. Dificuldades para estabelecer diferenciação na análise, síntese e discriminação de sons; dificuldades temporais referentes a percepção da sucessão e duração de sons. Trocas de fonemas e grafemas, alterações na ordem das letras e sílabas, omissões ou acréscimos, apresentando maior dificuldade com a escrita do que com a leitura. Observa-se também a substituição de palavras por sinônimos. Como esses sujeitos percebem as palavras de forma global podem efetuar trocas de palavras por outras semelhantes. (IAK, 2004, p. 41 )
• Dislexia deseidética: Caracterizada por dificuldades visuais. Disfunção na percepção gestáltica, na análise e síntese e dificuldades espaciais relacionadas à percepção das direções, da localização espacial e das relações de distância. Essas condições teriam como conseqüência uma leitura silabada, dificuldade em estabelecer sínteses, aglutinação ou fragmentação de sílabas e/ou palavras, troca por equivalentes fonéticos, apresentando uma dificuldade maior para a leitura do que para a escrita. (idem)
• Dislexia mista: Reunião dos sintomas anteriores. (ibidem)
Vale ressaltar que para vários autores, entre eles Ellis (1995), é mais freqüente em um quadro de dislexia que as alterações descritas se apresentem de modo combinado, sendo mais comum a dislexia aqui denominada como mista.
Crianças com dislexia apresentam alterações auditivas e visuais referentes à orientação espacial. Esses achados sugerem que déficits na atenção da seleção espacial podem desorganizar o desenvolvimento de representações fonológicas e ortográficas que são essenciais para o aprendizado da leitura.

HABILIDADES DE PRÉ- ESCRITA

HABILIDADES DE PRÉ-ESCRITA

Segurar os instrumentos de escrita. Muitas crianças com disgrafia não sabem como segurar um lápis. Elas vêem o que devem fazer e tentam manipular adequadamente os seus dedos, mas não conseguem imitar o que vêem. Algumas seguram o lápis com as duas mãos e tentam escrever; outras recusam-se a tocar nos instrumentos de escrita pois já experimentaram fracassos sucessivos. As crianças com problemas menos severos seguram o lápis muito perto da ponta ou da borracha; outras seguram o lápis com muita força ou muito levemente. Se houver problemas de manipulação dos crayons ou lápis, deverão ser tomadas medidas no sentido de se ensinar a corrigir o modo de segurar os instrumentos de escrita. Algumas sugestões são oferecidas a seguir.
(1) As crianças pequenas devem trabalhar com lápis de tamanho normal e crayons grandes. Embora não tenham um envolvimento muscular impedindo-as de segurar um lápis fino, elas conseguem manipular melhor os lápis grandes. Os crayons hexagonais são úteis pois são mais fáceis de segurar nos lados planos. Canetas hidrográficas também são úteis.
(2) Lápis curtos não devem ser usados. Eles forçam as crianças a segurarem com muita força e sua escrita torna-se desajeitada ou pequena. Os lápis pequenos também fazem com que as crianças exerçam pressão desnecessária, o que por sua vez provoca cansaço e frustração.
(3) O lápis deve ser segurado acima da parte apontada, entre os dedos polegar e médio, com o indicador guiando o lápis. Se as crianças tiverem dificuldade para se lembrar da posição correta, poderá ser colocado um pedaço de fita adesiva, fazer-se um pequeno corte na madeira ou aplicar tinta na área específica em que os dedos devem ficar.
(4) Se as crianças tiverem boa facilidade verbal e parecerem aprender usando o canal auditivo, poderão ser dadas instruções detalhadas do que deve ser feito, como, por exemplo: "Coloque o lápis na sua mão direita; coloque o seu dedo indicador na parte de cima do lápis; coloque o seu polegar no lado esquerdo do lápis; coloque o seu dedo médio no lado direito do lápis; feche ligeiramente os outros dedos e deixe-os repousar sobre a mesa". Essas instruções proporcionam um padrão que é reorganizado auditivamente, a fim de que se possa automaticamente executar o ato; a criança deve verbalizar cada posição e movimento. Cobb (...) afirma que nenhum movimento se torna automático sem um plano. Esse plano precisa ser organizado auditivamente para algumas crianças com disgrafia.
(5) Se as crianças não tiverem habilidades auditivas adequadas e se a cinestesia parecer ser a melhor modalidade para a aprendizagem, pedir-se-á que feche-os olhos, e enquanto os seus dedos são ajeitados no lugar, suas mãos são guiadas. Pode-se apertar o lápis com firmeza, mas recomenda-se relaxamento, sendo inicialmente usados movimentos largos, como os de varrer.
Posição do papel. Observe o modo pelo qual a criança coloca o papel na carteira. Uma inclinação incorreta fará com que a criança escreva de um modo desajeitado. Praticamente todas as pessoas já puderam observar canhoto escrevendo desajeitadamente, com a mão torta, porque não aprendeu a inclinar o seu papel para a direita ao invés de para a esquerda. Há também pessoas com escrita inferior que colocam o papel com as linhas em posição perpendicular em relação ao corpo, de modo que escrevem com suas mãos movendo-se verticalmente, ao invés de horizontalmente.
O papel para a escrita à mão deve ser colocado paralelamente à borda inferior da mesa. Ensine às crianças como mover o seu papel para cima e para longe do corpo à medida que trabalham em direção ao final da folha. O papel para a escrita cursiva deve ser inclinado, formando um ângulo de cerca de sessenta graus à esquerda, para os que escrevem com a mão direita, e à direita, no caso dos canhotos.
Postura. As crianças com distúrbios de aprendizagem freqüentemente têm má postura para a escrita. Algumas aproximam muito as suas cabeças do papel; outras movimentam-se constantemente, em conseqüência mexem o papel ou cobrem o trabalho com os braços, de modo que não conseguem ver o que estão fazendo. Encoraje uma boa postura, em que a criança deve se sentar com as costas retas. Selecione cadeiras, mesas e carteiras adequadas para cada criança e certifique-se de que ambos os pés estão firmemente colocados no chão e que elas podem ver todo o seu trabalho na sua carteira. Os papéis devem ser assentados ou firmados às mesas no caso das crianças hiperativas. Para isso é eficaz o tipo de fita adesiva que pode ser facilmente removida da carteira, bem como do papel. Os quadros-negros devem ser grandes e colocados em uma posição que não force a criança a esticar o braço acima da cabeça e tampouco inclinar-se para escrever.
Se uma criança tem postura incomum, como uma acentuada inclinação da cabeça, é prudente sugerir um exame visual. Pode haver defeitos na área visual além de outros distúrbios.
JOHNSON, Doris J. e MYKLEBUST, Helmer R. Distúrbios de aprendizagem; princípios e práticas educacionais. São Paulo, Pioneira / Edusp, 1983. p.239-241.